Veja no final da página a versão em português
The Weaving Atelier is one of the poles of the Roque Gameiro Arts and Crafts Centre Association and is based in Minde (Portugal).
The preservation, characterization and promotion of the values of the society it belongs to (in this case, Mantas de Minde) are developed seeking to combine tradition and memory to contemporary values. The Weaving Atelier works as an Interpretation and Production Centre for the “Manta de Minde”.
There are three looms that are operated by three young weavers.
The materials (100% Portuguese wool – see image), the techniques (looms and other tools, all manual – see images) and the production process have been maintained throughout generations.
All the production stages (warp the warp threads, put it in the loom, fill the bobbins, weave, hem, card) are assured by the 3 weavers (see images).
The “Manta de Minde”, the production process and the patterns used – are duly registered.
SOME HISTORY … The Minde® Blanket
Natural space is the support and often the condition for human action.
Minde is a village in the northwestern extreme of the district of Santarém. A great part of its originality lies in its natural position in relation to the relief units that frame it. It is located on the margins of the polje, having around it, the sharp peaks (feathers) of the Minde coast and the slopes of Serra d’Aire, which delimit its horizon. This reality favours its isolation and helps to understand how difficult it was for man to adapt to these lands of thirst. Limestone dominates the landscape and the people of Minde insisted on staying there, even when, by force of ploughing the land, it continued to appear bare and poor; their hopes rested on a strip of felgar and on the floodable polje in winter.
Poor agriculture was associated with pastoralism. The shoots of the garrigue plants and the undergrowth were the pasture for goats and sheep, small and undemanding cattle. From here new directions opened up for the life of the mindericos – the activities linked to wool. Minderico looked after his flock, sheared, washed, carded, spun and wove for himself and his family. The limited world in which he lived, triggered the will and the need to card for strangers. He moved away, he went to the villages of the neighbouring mountains; he moved further and further away and started buying wool in the places where he worked. He brought it to Minde, washed it, carded it, spun it and transformed it into cloths, burls, blankets and stamenhas. Throughout the country he sold what the women and younger people wove at home, bringing back money, basic necessities and more wool to wash, card, spin and weave.
In a clever way, the Mindericos, in their business, used their own linguistic variety (A Piação dos Charales do Ninhou), today the Minde language.
Travelling, first on foot or on horseback, then in open-topped vans, the manteiros travelled mainly in the south of the country, selling their mantas:
- “manta preta” – uses wool in its natural colours (brown and white). The shepherds protected themselves with it from cold and rain;
- “manta parda” – comes in bright colours, in bars at the ends. Despite the scarcity and limitations in the use of water, in the 1930’s the 1st dyeing plant appeared in Minde and with it, these new possibilities;
- “manta sombreada” – it is all stripes of 6 different and progressive shades of green, brown and orange;
- “manta janota” – a few years later, the “manta janota” appears, with strong colours in its very worked compositions. This process implies great dexterity and coordination of movements.
The apogee in the number of looms and in production was reached in the fifties of the 20th century, but, in the seventies, the looms began to disappear: some were abandoned, others broke, others were dismantled, many were used as firewood, and few were saved. From these, some pieces and other complementary equipment were used to set up the workshop that the Centro de Artes e Ofícios Roque Gameiro supervises and directs. Here, tradition and memory are combined with contemporaneity. In the manufacture of the real Mantas de Minde the inherited products and techniques are respected: 100% wool and 100% Portuguese, the dyeing recipes, the original patterns and the whole production process. Three young weavers work here and the blankets are sold through strategic partnerships for the internal and external markets.
In a hostile nature, the mindericos have played with local circumstances, established relationships, substituted forces. This is how, over time, the territory became precise and the Manta de Minde appears as a medal coined with the effigy of this people.
Contacts
Marta Vrielink : +351.964096891,
Saul Roque Gameiro +351.919162326,
Alzira Roque Gameiro + 351962805497
Versão em português
O Atelier de Tecelagem é um dos polos da Associação Centro de Artes e Ofícios Roque Gameiro e está sediado em Minde (Portugal). A preservação, a caracterização e a promoção dos valores da sociedade em que se insere (neste caso, Manta de Minde) são desenvolvidas procurando aliar a tradição e a memória aos valores da contemporaneidade. O Atelier de Tecelagem funciona como um Centro de Interpretação e produção da “Manta de Minde”.
Tem a funcionar 3 teares que são manejados por 3 jovens tecelões. Os materiais (100% lã portuguesa – ver imagem), as técnicas (teares e restantes apetrechos, todos manuais – ver imagens) e o processo de produção têm sido mantidos ao longo de gerações.
Todas as fases de produção (urdir a teia, introduzi-la no tear, encher as canelas, tecer, embainhar, cardar) são asseguradas pelos 3 tecelões (ver imagens). A “Manta de Minde”, o processo de produção e os padrões utilizados – são devidamente registados.
A Manta de Minde®
O espaço natural é o suporte e, muitas vezes, a condição da acção humana.
Minde é uma vila no extremo NW do distrito de Santarém. Na sua posição natural em relação às unidades de relevo que a enquadram, está uma grande parte da sua personalidade. Situa-se nas margens do polje, tendo à sua volta, os cumes aguçados (penas) da Costa de Minde e as lombas da Serra d’Aire, que lhe delimitam o horizonte. Esta realidade favorece o seu isolamento e ajuda a compreender o quanto foi difícil a adaptação do homem a estas terras da sede. O calcário domina a paisagem e a gente de Minde teimou em permanecer aí, mesmo quando à força de arrotear a terra, esta lhe continuava a aparecer nua e pobre; as esperanças assentavam numa tira de felgar e no polje inundável no Inverno.
Uma agricultura pobre associava-se à pastorícia. Os rebentos das plantas da garrigue e as ervas rasteiras, eram o pasto para cabras e ovelhas, gado miúdo e pouco exigente. Daqui se abriram novos rumos para a vida dos mindericos – as actividades ligadas às lãs. O Minderico cuidava do seu rebanho, tosquiava, lavava, cardava, fiava, tecia para si e para os seus. O mundo limitado em que vivia, desencadeou a vontade e a necessidade de cardar por conta de estranhos. Afastou-se, foi pelas aldeias das serras vizinhas; afastou-se cada vez mais e, começou a comprar lã nos sítios onde trabalhava. Trouxe-a para Minde, lavou-a, cardou-a, fiou-a e transformou-a em panos, buréis, estamenhas e mantas. Por todo o país foi vendendo o que as mulheres e a gente mais nova teciam em casa, trazendo de volta dinheiro, produtos de primeira necessidade e mais lã para lavar, cardar, fiar e tecer.
De uma maneira inteligente, os mindericos, nos seus negócios usavam uma variedade linguística própria (A Piação dos Charales do Ninhou), hoje, a Língua de Minde.
Deslocando-se, primeiro a pé ou utilizando montadas, depois em carrinhas de caixa aberta, os manteiros percorriam principalmente o sul do país, vendendo as suas mantas:
- “manta preta” – usa a lã nas suas cores naturais (castanha e branca). O pastor protegia-se com ela do frio e da chuva;
- “manta parda” – surge com cores vivas, em barras, nas pontas. Apesar da escassez e das limitações na utilização da água, nos anos 30 do séc. XX surgiu em Minde a 1ª tinturaria e com ela, estas novas possibilidades;
- “manta sombreada” – é toda com riscas de 6 tonalidades diferentes e progressivas de verde, castanho e laranja;
- “manta janota” – uns anos depois, aparece a janota, de cores fortes nas suas composições muito trabalhadas. Este processo implica uma grande destreza e coordenação de movimentos.
O apogeu no número de teares e na produção atingiu-se nos anos 50 do século XX, mas, nos anos setenta, os teares foram desaparecendo: uns foram abandonados, outros estragaram-se, outros foram desmanchados, muitos serviram de lenha, poucos se salvaram. Destes, aproveitaram-se algumas peças e outros apetrechos complementares para a montagem do atelier que o Centro de Artes e Ofícios Roque Gameiro tutela e dirige. Aqui alia-se a tradição e a memória com a contemporaneidade. Na manufactura das verdadeiras Mantas de Minde respeitam-se os produtos e as técnicas herdados: 100% lã e 100% portuguesa, as receitas de tinturaria, os padrões originais e todo o processo da produção. Trabalham aqui 3 tecelões jovens e as mantas são vendidas mediante parcerias estratégicas para o mercado interno e externo.
Numa natureza hostil, os mindericos jogaram com as circunstâncias locais, estabeleceram relações, substituíram forças. É, assim que, com o tempo, o território se precisa e a Manta de Minde aparece como uma medalha cunhada com a efígie deste povo.
Contatos
Marta Vrielink : +351.964096891,
Saul Roque Gameiro +351.919162326,
Alzira Roque Gameiro + 351962805497